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Era uma vez um belo dia qualquer. Um dia em que eu fiz as mesmas coisas de todos os outros dias até aquele momento. Acontece que eu apontei a minha mira para alguém que não devia. Essa pessoa apontou a mira dela para mim. Fiquei sem ação e ergui os braços me rendendo. Me entreguei. Nunca tinha me entregue dessa forma, por completo. O meu corpo, alma e cabeça não me pertenciam mais. Alguém tinha o controle da minha vida. Ele poderia me levar para onde e como quisesse. Do céu ao inferno. Eu confiava minha vida a ele. Pedi para ele entregar a vida dele pra mim. Mas ele não se entregou. Na rua da minha insanidade ele saltou quando chegamos à beira do penhasco. Ele foi covarde e me deixou pular sozinha. Eu caí sem gritar. Fiquei esmagada entre as pedras. Sozinha. Ele foi embora e nem olhou para trás. Homens não costumam ter culpa. A memória deles é curta. Depois desse dia, eu nunca mais fui a mesma.

Levantei, escalei, sai do penhasco. Me arrastei até o pedaço de sanidade que me restava e gritei por ajuda. Me socorreram, mas ainda estou em observação. Dizem que não vou mais correr como antes. Estou limitada. Não posso mais beber, sorrir, me entregar e muito menos cair. Virei uma pessoa frágil. Logo eu, que nunca quebrei antes. Era invejada por ser difícil de derrubar. Agora eu não arrisco mais. Eu. Olho no espelho e não sei mais quem sou. Não sei onde eu perdi quem eu era. Acho que evaporei.

A única coisa que eu tenho certeza é que isso não poderia ter acontecido. Não se deve deixar as coisas chegarem longe demais. Acreditei que era certo, verdadeiro, válido. Mas, não era. Não penso em construir uma fortaleza para mim. As fortalezas só protegem os fracos. Os fortes entram na nossa vida pela porta da frente, e o pior, com nosso consentimento.

Eu sabia o que me esperava. Mesmo assim, continuei em frente. Um dia eu fui assim. Eu ia em frente, sabia onde ir e o que fazer. Não tenho nenhuma culpa, nenhuma dúvida, nenhum arrependimento. Estou limpa. E sei que você está imundo. Mas o que você é para mim não chega nem perto do que você quer ser para o mundo. Eu sei o que você é. Eu sou a única pessoa neste mundo que realmente sabe o que você é. Nem você sabe. E é por isso que continuo, por isso que não desisto, por isso que não viro as costas para você. Tudo que eu queria era que você também soubesse. Se ao menos eu soubesse me enganar como você. Mas não. Eu sou de verdade. E essa vai ser minha sentença de morte. A verdade mata. Pare de mentir.

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